71Music Bank no Rio de Janeiro em 2014

Nossa experiência como fãs de kpop há 15 anos

Há quem prefira ficar longe de quaisquer rótulos, pensando no julgamento que fazem a partir deles. E nós entendemos isso. Mas, ao mesmo tempo, sentimos uma emoção genuína ao dizer que somos fãs de kpop, já que isso nos possibilitou criar inúmeras memórias de carinho e felicidade. Então, esta é a nossa história com o kpop.

Primeiras impressões

Lembro como se fosse ontem a tarde em que eu passei horas na frente do computador pulando de um vídeo para o outro conhecendo novas músicas e artistas. Era um tal de “MV” que eu não sabia o que era, de um grupo chamado Super Junior, um solista chamado SE7EN, até eu me deparar com um tal de SHINee. Pronto, ali eu tinha me encontrado.

Mas eu já estava de olho no kpop há uns meses. Só que eu não sabia direito o que era isso. Ou a proporção disso. Tinha ouvido uma música ou outra, especialmente as versões japonesas, porque eu gostava muito de animes, mas não tinha entrado para o fandom ainda. Na verdade, eu nem sabia que isso existia.

Foi em 2010 que eu decidi que não podia mais viver um dia da minha vida sem aquilo. Eu me tornei shawol, mostrei o grupo e vários outros para a minha irmã, e descobrimos um mundo novo (como diria o Taemin), totalmente especial para nós.

Era incrível, mesmo antes do HD existir no Youtube, ver os vídeos criativos para cada música. Os cortes de cabelo também eram bem originais, tinham toda uma estética única que nos atraiu muito. Hoje, se a gente for olhar, talvez até ache brega. Mas era a coisa mais legal do mundo naquele momento!

SHINee para as promoções de “Ring Ding Dong”, de 2009

Mudanças ao longo dos anos

Nós também crescemos com o kpop. Tínhamos 14 e 15 anos quando nos descobrimos fãs, e aos poucos fomos passando de adolescentes para jovens e agora adultas. O kpop também mudou. Não tínhamos tanta proximidade com nossos artistas favoritos, porque eles não tinham redes sociais, por exemplo, como há hoje.

As músicas que mais faziam sucesso também eram diferentes. Se você comparar com uma canção mais nova, vai perceber que a exportação do kpop para o mundo fez com que ele se transformasse. Isso não faria sucesso anos atrás, eu imagino, assim como aquilo não faz mais hoje. Pelo menos não para os fãs e entusiastas mais novos – porque volta e meia a gente ainda escuta uma música de 2010 ou 11 e acha o máximo.

Então nós já vimos muitos grupos indo e vindo, tendências do tipo “ame ou odeie” como a criada em “I Got a Boy” em sua transição sonora, ou o clipe de parar a internet (ao menos a nossa bolha) de “Crazy“. Além de experienciarmos o Psy ficar globalmente famoso e ouvir nossos colegas de escola perguntando “não é você que gosta de música coreana?”.

Pois é, nós estávamos na escola quando conhecemos o kpop, mas já saímos dela, já entramos e saímos da faculdade e hoje temos nossos trabalhos e relacionamentos. E até nossos bias estão casando e formando suas famílias. Por isso a gente entende que, mesmo que o cenário mude, tem uma coisa que não mudou todos esses anos: nosso amor de fã.

Do “flop” ao “pop”

Em todos esses quinze anos nós já ouvimos de tudo um pouco enquanto fãs da hallyu. De “vocês são viciadas nisso” a “vamos brincar de Blackpink? Eu sou a Lisa”! A sensação é estranha, não vou mentir. Antes ninguém se importava muito, de repente virou motivo de piada, e agora tem pessoas de todas as idades querendo saber mais sobre o assunto.

O kpop virou pop, literalmente. Mas tem gente que ainda tenta diminuir o fandom, porque mesmo tendo se tornado algo popular, ainda há preconceitos sobre essa subcultura.

Eu já li alguns comentários em redes sociais falando que tal pessoa estava “muito velha para ser fã”. E até em ambiente profissional ouvi de uma colega, com voz de criança, que eu “era jovem, fã de kpop”, sabendo que ela estava ironizando a situação.

E, apesar do teor negativo, que nós combatemos fortemente através do Meu Bias, conseguimos entender que esse comportamento também existe graças ao kpop ter furado a própria bolha, alcançando públicos variados.

Sabemos que existe uma relação bem diferente de fãs, como eu e a minha irmã, e de outros que estão conhecendo a hallyu agora. Mas nós entendemos isso, porque também já fomos adolescentes vivendo esse momento de descoberta.

Cada pequena interação com algo que gostamos um dia se juntará a um grande livro de lembranças, onde poderemos voltar para sorrir e chorar com elas, só depende de como faremos essa interação hoje.

Depois de muitos anos…

A gente conheceu o kpop, de repente muitas informações caíram de paraquedas na nossa vida, e nos envolvemos com várias tendências. A princípio, tínhamos um comportamento diferente, mas adequado para nossa vida adolescente, e tudo foi se transformando com o tempo. Mas depois de muitos anos, o que nos resta dentro desse fandom?

Nos resta aguardar por um futuro de mais respeito das empresas com seus artistas, dos fãs entre si, e da comunidade externa com relação aos kpoppers. Esperar por novas e boas músicas, por alternativas que permitam que fãs do mundo todo se conectem mais com essa arte, e torcer para que seu propósito seja sempre benéfico.

Afinal, se o kpop tem um lado que nos enche de vida, é desse lado que queremos falar cada vez mais. Continue acompanhando o site para nossas novas experiências como fãs de kpop.

Bru
Bru

Designer de marcas e produtora de conteúdo. Apaixonada por cores, jogos e, é claro, pelo kpop. Meu grupo preferido é o SHINee e meu bias utt é o Taemin.