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A reinvenção dos shows de kpop na pandemia

O kpop sempre esteve aberto a oportunidades de inserir a tecnologia em suas produções, seja nos palcos ou nos produtos físicos como álbuns e lightsticks. Com o isolamento social, os shows de kpop na pandemia se tornaram mais do que uma nova fonte de renda para os artistas e suas empresas, mas uma possibilidade de manter a paixão dos fãs e relembrar a sensação de viver um espetáculo.

Retomada dos concertos e dos lucros

Em abril de 2020, a SM Entertainment deu início, em parceria com a Naver, a uma plataforma de shows on-line paga chamada Beyond Live. Os fãs compram ingressos e interagem com seus artistas favoritos por meio de transmissões de vídeo. Há também o uso da realidade aumentada para aproveitar todas as possibilidades de um palco antes pouco explorado – virtualmente falando.

O primeiro show foi protagonizado pelo grupo SuperM, que contou com mais de 75 mil espectadores pagantes, que arrecadaram mais de dois milhões de dólares em ingressos ao todo. Essa resposta positiva aos eventos digitais permitiu que outros shows fossem comercializados e apresentados aos fãs do mundo todo.

Outras plataformas, como a MyMusicTaste, também têm oferecido apoio aos eventos digitais, onde artistas como Golden Child e Dreamcatcher também conquistaram um público com suas apresentações originais. O BTS, por exemplo, reuniu quase 1 milhão de espectadores no show “Map Of The Soul ON:E”, mas o maior recorde até o momento é da própria SM, com a live gratuitamente transmitida no dia 1º de janeiro de 2022 para incríveis 51 milhões de espectadores.

O governo sul-coreano entende a importância econômica do kpop e, desta vez, prometeu um investimento de 29 milhões de dólares para criar um espaço para shows on-line com o intuito de divulgar sua cultura e ajudar as agências menores e/ou independentes a realizarem seus próprios espetáculos.

Ídolos e fãs mais do que conectados

Para Kim Ni Eun, funcionária da Dream Maker, empresa de tecnologia que tem organizado as produções da Beyond Live, “o show é feito quando o palco, os artistas e o público estão todos juntos”. Ela diz que os pontos principais da Beyond Live são o jogo de câmera, o uso da realidade aumentada e a sessão de interação com os fãs.

A realidade aumentada permite que os espaços se transformem de uma maneira que não seria possível em shows tradicionalmente desconectados, além de ampliar a imersão dos espectadores. Para os artistas acostumados com gravações de vídeos e superproduções, isso também permite que usem o palco para mostrar outros ângulos de formas inusitadas.

Key, integrante do grupo SHINee, comenta que as performances são semelhantes às que faziam antes, mas que agora dão mais ênfase na comunicação e interação de novas maneiras durante a transmissão ao vivo. Nesses espetáculos, os artistas leem comentários e fazem brincadeiras com os fãs, semelhante às interações do programa After School Club, que permite que fãs se conectem e conversem com seus(as) bias.

Outros eventos também foram realizados para reforçar os laços entre artistas e fãs. Os membros do grupo Winner realizaram um fansign ao vivo e comentam que esperam que esses momentos gerem ótimas lembranças para todos, em compensação ao período de isolamento social.

Aos poucos as modalidades se mesclam nos concertos chamados híbridos, com apresentações ao vivo e transmissão simultânea para quem não pode comparecer presencialmente. Enquanto isso, também surgem músicas de kpop sobre a pandemia que nos lembram que momentos difíceis vêm e vão, mas devemos preservar a esperança de dias melhores.

Bru
Bru

Designer de marcas e produtora de conteúdo. Apaixonada por cores, jogos e, é claro, pelo kpop. Meu grupo preferido é o SHINee e meu bias utt é o Taemin.