379Um clipe do grupo EXID que fala sobre a censura no kpop

Há censura no kpop (e ela não é tão coerente assim)

A censura na Coreia do Sul teve um aumento considerável entre 2008 e 2011, período em que a presidência estava em nome de Lee Myung Bak. Mas essa pressão sobre os materiais produzidos no país existe desde 1948, protegida pela Lei de Segurança Nacional, que dá ao governo poder pleno sobre, inclusive, a censura no kpop.

Em 2019, o Ministério da Igualdade de Gênero e Família, o MOGEF, tentou aumentar as propostas de censura no kpop, mas suas ideias foram derrubadas. Porém, estando a critério das emissoras de televisão – que são, por sua vez, fortemente influenciadas pelo governo – é impossível afirmar que não existem bloqueios aos trabalhos de artistas no país.

Como funciona a censura no kpop

E por falar no MOGEF, é ele o responsável por desenvolver políticas que protegem a figura da família, das crianças e das mulheres, e por isso se reserva ao direito de controlar o caráter das produções que circulam nas mídias. Dessa forma, esse ministério evita que imagens consideradas negativas influenciem os públicos que ele protege.

Os maiores alvos da censura no kpop e exemplos:

  • Ações perigosas: “Chitty Chitty Bang Bang”, da cantora Lee Hyori, por dirigir sem o cinto de segurança;
  • Nudez e atividade sexual: “Angel”, do cantor Hoya, por conteúdo sexualmente implícito;
  • Consumo de álcool: “Boombayah”, do grupo Blackpink, por fazer referência ao consumo de bebidas;
  • Palavras japonesas: “Uh-ee”, do grupo Crayon Pop, por conter uma palavra japonesa;
  • Marcas e propagandas: “Turn It Up”, do cantor T.O.P., por conter propaganda indireta.

Para controlar os trabalhos musicais que contêm cenas com esse teor, o MOGEF estipula que os mesmos tenham um indicativo de restrição de idade e sejam transmitidos na televisão somente depois das dez horas da noite. Crianças também são proibidas de comprar quaisquer produtos relacionados a esses trabalhos censurados (CD’s ou músicas em meios digitais).

E a censura na televisão?

Em 2012, informações revelaram que as três maiores emissoras de televisão coreana – KBS, MBC e SBS – haviam censurado cerca de 1.300 músicas de 2009 até o ano decorrente.

As maiores discussões sobre a censura no kpop envolvem o fato dela ser, aparentemente, injusta. Algumas motivações de censura não afetam igualmente a todos os artistas, como aconteceu com “How Dare You”, de 2010, do grupo Sistar e “First Love”, de 2013, do After School. O primeiro foi banido por conter cenas de dança no pole dance, já o segundo, com cenas semelhantes, não foi censurado.

A nitidez dessas proibições está, principalmente, na troca de figurinos e coreografias. O Girl’s Day teve que alterar boa parte da dança de “Something”, de 2014. Compare o vídeo oficial da coreografia com uma das apresentações do grupo na emissora KBS. Essa emissora, dentre as três citadas acima, é a que mais censura os trabalhos no kpop e é financiada pelo governo.

Além disso, também existem as proibições nas letras das músicas. Uma censura que ficou de certa forma popular foi em “Lotto”, do grupo EXO, de 2016. Nesse caso, o grupo teve que mudar a palavra que dá nome à música para “Louder”. Esse bloqueio também foi válido na MBC, sendo a SBS a única a permitir que “Lotto” fosse apresentada de forma original.

Qual é a resposta dos artistas

A cantora Cheetah teve 12 de 18 músicas de seu trabalho intitulado “28 IDENTITY” consideradas inapropriadas pela KBS, e 5 pela SBS. Porém, seus representantes afirmaram que não tomariam nenhuma medida legal, afim de preservarem a real intenção das músicas da cantora.

Já o grupo EXID promoveu a música “Ah Yeah”, em 2015, cujo vídeo faz referências à censura coreana. Nas cenas, algo é escondido por um efeito que, posteriormente, revela não ser nada de mais. Veja o vídeo para entender melhor:

Os fãs também se mobilizam para tentar evitar proibições incoerentes e, muitas vezes, inapropriadas. Espera-se que, com o tempo, a censura seja equilibrada para que ambas as partes possam fazer seus trabalhos sem quaisquer injustiças.

Bru
Bru

Designer de marcas e produtora de conteúdo. Apaixonada por cores, jogos e, é claro, pelo kpop. Meu grupo preferido é o SHINee e meu bias utt é o Taemin.